sexta-feira, dezembro 26, 2008

PARAGEM NO TEMPO

Submeti este texto para eventual publicação num jornal diário.Neste entretanto, de publicação ou não, aqui o registo para memória de uma opinião que vale o que vale e não é pretensiosa.
Por vezes tenho a sensação que alguns sectores da sociedade pararam no tempo.Mais uma vêz, numa cerimónia religiosa, ouvi falar no estafado pecado original que não acrescenta nada e já consegue irritar. Dito do púlpito e dum modo que começa a ser fastidioso, tenebroso e sem elegância oral ( e podia ter muita - já tenho ouvido falar disto dum modo superior em alguns púlpitos ) acaba por configurar um estado de atraso seja do que for para não ser agressivo de linguagem. Continuar a agitar papões como se os atrasados mentais, ou pelo menos intelectuais, não tenham evoluido e saído deste carneirismo, para alguns conveniente é, no mínimo, sombrio e reductor. Não tenho a pretensão que alguma hierarquia leia isto mas gostava que alguém se preocupasse com este discurso que começa a mostrar grandes clivagens e, por isso, contradições, vistas as diferenças de abordagem do assunto:Desde o rizível ao brilhante. Os primeiros afastam os crentes e a crença; os segundos concentram multidões, como é fácil de verificar para quem se preocupa por este estado de coisas e faz comparações. Bem pode o Santo Padre puxar as orelhas aos responsáveis, muitos dos quais parecem sofrer de autismo. Mas, sinceramente, o que me preocupa é que isto configura um estilo e - é a minha preocupação - só serve para afastar os jóvens das causas e coisas da Igreja. A assistência não se renova e, não havendo sangue novo, as religiões e a sociedade cristalizam. E sobra a feira de vaidades dos que ali arranjam promoção, cuja formação e fé também não passam daí. E assim é mais fácil mostrarem-se. Isto não é um circo. Felizmente não é regra geral e há poucas mas honrosas excepções. Pode-se, e é necessário, ser exigente mas ser moderno e catalisador da juventude. É urgente tratar o pecado original com mais simpatia e, de uma vêz por todas, esconjurar esse estigma. Ele é divinamente humano, digo eu. Foi um processo para a Criação, se quisermos ir por esse caminho e então isso é uma virtude, senhores! Não foi fortuito mas sim um Projecto. E falar de pecado original quando uma criança nasce... Ela é só pureza! Que pecado??? E ao morrer continuam a martelar no mesmo quando já estamos mas é em processo de Acolhimento... Isso é mórbido, quando podia ser salutar. Na caminhada seremos pecadores mas aí estamos capazes de o assumir.
E assim, vamos à confissão: E que tal também um pouco de modernidade na forma? Na privacidade dum confessionário pode haver de constrangimentos a exageros. Penso que a forma possa ter, ou ter tido, aproveitamentos políticos ou outros e daí a confissão às vezes servir fins inconfessáveis. Podíamos fazer disso uma coisa bonita e serena. Numa meditação colectiva com a orientação superior dum Superior numa orientação circular do chefe da diocese ou alguém da sua confiança. E seria bom sentí-lo talvêz mensalmente num toque de meditação com amizade e aplicada ao dia a dia do cristão. ( Não deixo de interpretar Bento XVI na Exortação Apostólica "Sacramentum Caritatis " ). Alguém se interroga porque muita gente que vai à missa não comunga? É preciso abrir as janelas.
Confissão / penitência e está tudo branqueado. O branqueamento não ressarciu os efeitos colaterais. Como dizia há dias um político, reconhecer os erros não resolve é preciso corrigí-los e compensar. A penitência então seria uma correcção de rota se inspiradamente dirigida para o dia a dia real. É preciso colmatar os erros, não basta papaguear. E para isso temos gente com muito saber, generosidade e, principalmente, saber passar a mensagem e, consequentemente...

1 comentário:

Lu disse...

Aparece pouco, mas quando é É...
Felicitações
Sempre amiga,
M.L.